Palinha do livro...


Poesias querem ser livres e voar; não fazem questão de egos e glórias... 
Senão seriam como belos pássaros em gaiolas!

Não devemos deixar ferver a cobiça, para não queimarmos a cabeça, 
Grelhando os neurônios e temperando a soberba; na bondade existe a candura,
A face do nosso verdadeiro “eu”; e tão logo se alcança o apogeu,
Quando estendidas nossas mãos, tratando todos como irmão,
Nivelando a mesma altura, sem julgamentos em vão.

Se sou retrógrado? Digo que sou como uma velha locomotiva a vapor, mas que gosta de uma sauna seca; tenho no eucalipto o odor e no suor minha seiva.

Peitando a ignorância
(11/9/12)

Vamos peitar a santa ignorância,
Fazendo aliança com o santo Aurélio,
Criando rimas com enorme concordância,
Limpas, como um céu de brigadeiro.

Vamos debochar dos garranchos,
Inflar os podres egos, até estourarem.
Rir da concupiscência de belas atrizes
Que encenam as loucuras em solos sagrados.

Não vamos duvidar de todos os enamorados
E os sorrisos congelados, devemos enumerar
Para quebrar o gelo, a foice do entusiasmo.
E dizer que é escárnio quando chegar o final.

Vamos levar a sério o que é dispensável
Pois o essencial, atualmente, é radioativo
No meio dessa guerra fria, assumir ser indolente
Pois se o mundo está doente, não é por mal.

Fita uma rota, faz uma bola: amassa, arremete, amarrota. 
Na lixeira dos olhos no mundo, vendo tudo e uma untuosa esmola
Que pelos dedos escorre.

Nunca temas as vozes: algozes – atrozes; travestidos de pouco caso. 
Não és o rei deposto, ainda tens um reinado,
E coroado de alento, tens a rainha de gosto.

Anéis de ouro branco
(27/7/13)

Teus anéis de ouro branco,
Brilham como os dourados;
São de dureza feito ferro,
Redondos como o globo.

Anéis como tu és:
Valiosos e únicos,
Carregados com gosto,
Mas que ostentam a penúria
De serem vistos e terem utilidade.

Tu viajas onde divagas,
Devagar, reages.
Vives na teia da aranha que abraça o todo:
O mundo, as pessoas e os desejos.

Na elegância que tens, 
Encontras versos na ponta do lápis.
E todos tem dito:
- Como é bom ler-te, cada letra, cada frase, cada verso,
A união das palavras em coito vivo.

Está ai, pra quem quiser ver,
A paz e o amor,
Que saem do coração e derramam
Em delírio, em choro e grito.

Falaste que a inspiração havia encontrado o fim,
Perdendo o ritmo, sem voz no coro.
Os anjos não voavam nos sonhos,
E loucos, sem as flechas, em vestes brancas,
Riam das caretas das carrancas.

Talvez tenha desgarrado a ovelha negra do rebanho,
Conseguindo a liberdade
E desfrutando do assanho.

Gritaste que as vidas são como as famílias,
Como os aflitos.
São alimentos das almas, raízes, origens,
Sonoras águas...
Todos rejuvenescem dos papiros.

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