Obra-prima

Tece a busca do aconchego amoral
No horizonte bem próximo fita-se expectativa
A arte se contorce, vai e vem das mãos.
Matizes deflagram em frenesi surreal.

Surge a pergunta e se obtêm solução
O colorido e sombras entram no mais salutar consenso
Feliz? - Às vezes sim, muitas outras vezes não
Mas agora são um só - dominante e dominado.

Quiçá tudo feito não esteja a contento...
E não está!

Surta e larga os pincéis - rumo ao pesadelo
Epiléticas mãos fazem movimentos elípticos
A tela, ante natureza morta, torna-se morto abstrato
Sem tato o artista desmonta, senta e chora.

Ao cair de quatro pingos de compunção
Levanta a cabeça, encara a vida e olha ao lado
Encabulado vê-se de fato o que seria sua sina
Ensaia um sorriso e em tons tênues declama:

“Majestosa obra-prima”

André Anlub

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